sexta-feira, 11 de junho de 2010

Patrocinador, fornecedor, colaborador, pinto amigo e consolo.

É universal manter cadastro e catalogação dos relacionamentos de nossas vidas. Tudo cronologicamente separado por títulos e colocado dentro da caixinha de recordações com suas devidas provas de existência.
Tipo a rolha do vinho barato do primeiro encontro, o tíquete do estacionamento daquele jantar romântico, florzinha seca que foi presente um dia.
Aposto que na sua caixinha tem pelo menos um sabonetinho de motel, uma foto 3x4 com carimbo da carteirinha escolar ou do clube, não tem?
O papel que estava embrulhado o presente de natal, tem não tem? Papel de bombom, presença garantida. Aposto também naquele brinco que o par se perdeu naquele amasso dentro do carro. Cartas em envelopes amarelados? Cartões daqueles românticos cheios de gliter?
Ara fios de cabelo tem também? Mas convenhamos é meio nojento vai, joga isso fora, tem caixinha que é meio sinistra!!!!
E lá estamos nós, sempre repassando o cadastro e reorganizando a catalogação, e é muito comum que esteja dividido nas categorias básicas: Namorados, Noivos, Maridos, recentemente os Ficantes, isso não importa, lá estão: 10 namorados, 150 ficantes, 3 noivos, 2 casamentos.
Muito estúpido este registro todo, mas não há quem não tenha.
Muitas pessoas inovam um pouco essa classificação, existem formas infinitas de designações, e muitas variações nesses títulos, muitas vezes pra melhor se adaptarem as escolhas ou estilos de vida.
Eu particularmente classifiquei meus relacionamentos em patrocinadores, fornecedores, colaboradores, pintos amigos e consolos.
Patrocinador, por exemplo, eu tive só um, foi aquele único cara que além de ir ao supermercado ainda pagava pela compra, proporcionava meu bem estar, arcava com todas as minhas despesas, e a aquisição de todos meus regalos, homem tipo cama mesa e banho e com carne rigorosamente em dia.
Até hoje sinto muita falta dele. Não há uma única vez em que vou ao supermercado que eu não me lembre dele, na hora que eu chego ao caixa pra pagar então, sinto vontade de chorar de tanta saudade, coisa muito triste, isso.
Mas fazer o que, né? Esse eu perdi, as contas que ele paga agora são de outra. E eu que pague pelas minhas.
Ai então, até pela forma traumática em que perdi o meu tal patrocinador, eu passei a acreditar ser vantajoso e adequado pro meu novo estado de espírito, manter por perto apenas os fornecedores.
Há uma variedade enorme no mercado, mas não é tão fácil adquirir um que tenha qualidades necessárias, que entregue a mercadoria no prazo, que mantenha periodicidade regular, padrão de qualidade dos serviços prestados, difícil mesmo um que tenha um selo de qualidade tipo ISO 9001... ou atestado do IMEP, INMETRO,... muito difícil mesmo.
Mas quando encontrado... um bom fornecedor... Gente... ninguém precisa de mais nada. É o relacionamento perfeito.
Com um bom fornecedor vive-se uma relação de muita alegria e felicidade, é uma troca justa onde cada uma das partes tem seus devidos benefícios e com o equilíbrio que é fundamental, para um relacionamento baseado em cumplicidade total, direitos iguais e democráticas emoções, tudo regado pelo prazer e delícias que só podem sobreviver sem as intromissões do cotidiano. Relação onde não há uma segunda-feira pela manhã, nem contas pra pagar, é sempre sexta-feira à noite, com champanhe pra tomar.
Tipo bom pra todos... sabe?... ninguém leva vantagem, ninguém é lesado. Tipo negócio limpo.
Na minha opinião essa é a categoria dos sonhos. Não é casamento, não é dependência nem emocional e muito menos financeira, cada um na sua casa, cada um com sua vida própria.
É troca!...
Eu dou, você me dá (hum dádádádádá!!!!), estamos quites, tomamos banho e saímos limpinhos.
Nessa classificação, com todos os selos de garantia, eu também tive um só. Como um dia até o que é bom chega ao fim, acabou, sem dramas, tudo muito simples, desejamos felicidades mútuas pro futuro e cada um seguiu seu caminho.
Fazer o que né? ...Voltar para o mercado.
É farta a oferta, e o que mais tem disponível no mercado, pode ser encontrado em qualquer esquina, em qualquer boteco, é muito fácil pegar o tipo colaborador.
Cara legal preenche satisfatoriamente algumas horas, afastando a solidão ou o tédio temporariamente.
Mas pra não se aborrecer muito é importante manter vários contatos desse tipo. Porque nem sempre estão disponíveis nos seus momentos de necessidade.
Colaborador é isso mesmo que o nome diz, colabora, mas nem sempre, nem toda hora, e não dá pra forçar a barra, pra não perder os donativos a que ele se dispõe voluntariamente.
É assim como se você fosse uma dessas entidades filantrópicas, tem que ligar mensalmente, agradecer as colaborações recebidas, dizer que doação dele é muito importante para a manutenção da sua entidade, e perguntar cuidadosamente se ele poderá contribuir nesse mês.
Muitas vezes a pessoa não pode fazer os donativos. Muito difícil aquele que se compromete, mantendo suas colaborações regulares, como uma obrigatoriedade periódica acertada, você como qualquer voluntária da casa de caridade, vai ter mesmo de ligar de novo.
É meio chato esse tipo de encontro, mas muito melhor que ficar sozinha chorando no banheiro ou assistindo televisão na sua cama vazia.
Como esse mercado sofre muitas oscilações, é bom ter também para contar pra emergências de última hora, o pinto amigo, sujeito sempre disponível, no mínimo deve ser insosso, inepto, insípido, portanto não muito requisitado, mas tem um médio bom, faz um trivial agradável, não deixa marcas profundas, nem mata de tesão, mas é um bom amigo, camarada, uma boa companhia. Tipo última opção mesmo, ele não tem culpa, mas não vai fazer você se sentir feliz, é só um aconchego, tipo ursinho de pelúcia, sabe?
Mas quem num tem aquele dia que a melhor coisa a fazer é dormir abraçada no aconchego de um ursinho de pelúcia?
Pinto amigo é tão bom quanto ursinho de pelúcia e cobertor, numa noite de inverno.
Agora têm momentos que nada disso satisfaz, então só procurando o consolo...
Mas como esse sim é um assunto de fórum muito intimo e bastante delicado, tratarei então de forma exclusiva na próxima postagem. Isoladamente.
ATENÇÃO
Aviso importante:
As classificações devem manter-se inalteradas, não há nenhuma possibilidade de mudanças de patentes. Querer transformar um colaborador em fornecedor ou um pinto amigo em um patrocinador... é a mesma coisa que ligar uma tomada 110 em 220, fudeu ... aparelhos danificados irreversivelmente, e nenhum deles tem termo de garantia por uso inadequado... Simplesmente fudeu.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Só um breve e sincero agradecimento a toda galera gay!

O post “Eu a Vida e os Gays” da semana passada, obteve um número muito acima da média de visitações a esse blog.
Fico lisonjeada pelo prestígio, esse fato até me surpreendeu em números, mas definitivamente é a comprovação do conteúdo do próprio texto:
Olha só a identificação...
Eu sou muito gay!!!!!! (agora 99,99%)
Minha gente linda gratíssima por estarem sempre por perto.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Eu a vida e os gays

Gays fazem parte da minha vida, desde sempre.
Muitos tiveram lugar de destaque na minha trajetória. Verdadeiramente companheiros e fiéis, dividiram comigo meus melhores e piores momentos, e creio que por seus modos totalmente passionais e exagerados de sentimentos, deixaram ainda mais intensos qualquer tipo de acontecimento, dos quais tenham participado comigo. Se me recordo de um momento importante em minha vida, lá está um de meus amigos gays, lembranças intensas, vibrantes, quase sempre exageradas, que ficaram assim gravadas, como um dramalhão.
Não é por acaso sempre estar rodeada por eles, é afinidade mesmo, porque eu sou 99% gay.
Os 100% não deu... porque acabei gostando daqueles poucos centímetros no meio das pernas masculinas, pouca coisa mesmo, coisa de 1%, coisa mínima, poucos centímetros de prazer e sedução, coisinha a tôa que me manteve no mundo dos héteros.
Mas pra quem me olha de longe sou de levantar suspeitas, não sou nada delicada, falo grosso, falo alto, meio sem modos, trago na alma toda maneira gay de ser, exagerada e totalmente passional, uma identidade de comportamento que me mantém familiarizada com seu jeito de ser, de pensar e agir. Porque sentimentalismo gay, só sendo gay pra entender.
Eita tribo do exagerado sentimentalismo.
Não conheço nenhum gay morno, eles fervem.
Se é pra divertir... arrasam, são fogos de artifício, são purpurina, que festa!
Se é pra chorar... descabelam, derramam lágrimas de sangue, de matar de inveja qualquer santa miraculosa!
Se é pra odiar... baixa entidade nega furiosa, sobem na tamanca, rodam a baiana, sapateiam!
Se é pra amar... puta que pariu, é totalidade universal e descabida!
Se é pra ser amigo... é pacto de vida ou morte.
Eita gente complexa.
Não conheço nenhum gay ignorante ou alienado
Adoram uma bandeirinha, não podem ver uma que já estão agitando. Além da própria colorida, carregam várias outras, junto com o banquinho (claro), em que sobem pra agitá-las e discursar, defender todo tipo de minoria, todo alvo de preconceito, todo tipo de injustiça, o meio ambiente, a alimentação natural e vegetariana, o mico leão dourado, a política, o teatro, o cinema, a literatura e as artes em geral.
Se a causa num tem bandeira eles mandam fazer, adorammmmmmmmmmm.
Tipo gente cabeça sabe?? Integrada com as adversidades sociais, e ligadassos nos acontecimentos culturais.
Não conheço nenhum gay que não tenha princípios de fé, esperança e justiça.
Eita gente engajada
Coisas de costume, coisa de quem vive amando loucamente, coisa de gente que “pega”, comprometem-se com tudo, em nome de um coração que se doa a muitas causas, estendem suas mãos ofertando-as a dor alheia, tem olhos pra todas as dores do mundo, os que têm fome, aos abandonados ou enfermos, nunca se fazem de cegos pra quem precisa de auxilio.
Não conheço nenhum gay frágil
Eita gente corajosa

Coisa necessária à sobrevivência de quem afrontou pelo incomum, são fortes pra defenderem-se num mundo que os questiona e muito ainda os renega, são heróicos, pra se reerguerem e curar as feridas dos ataques do preconceito e intolerância. São guerreiros sobreviventes de muita ignorância. Coisa de gente que precisa cravar garras pra não ser arrastado, contra sua vontade, para aquela fazenda onde diz que tem um pastor que cura esse “mal”.
Eita gente digna, muitas vezes chaaaaaaaaata. Mas dignos.
Eu me lembro de uma história da infância, sobre o arco Íris que dá símbolo à bandeira gay. Quando o céu ficava riscado em cores, depois de uma chuva, alguém nos contava que em algum lugar onde o fecho de luz colorida se punha; lá no final do arco Íris havia um pote de ouro, uma grande fortuna a espera daqueles que desejassem seguir sua trilha.
Não sei o significado da escolha deste símbolo para a bandeira gay, mas eu adoro a versão do pote de ouro e quando estou ao lado de meus tão queridos amigos gays eu sei que caminhei junto ao arco Íris e fui até o final, e que lá os encontrei já com seus tesouros, meninos e meninas, repletos de suas riquezas interiores.
Que seguiram a ponte entre o céu e a terra pra buscar suas verdades, encontrar suas virtudes e a sustentação de seus instintos.
Lá onde a felicidade e a liberdade de ser simplesmente o que é:
é o verdadeiro e único tesouro.
Lindo né?? ( gayyyyyyyyyyyyyyy, muito gayviado)
Também achei.


Eita minha gente muito amada. Um grande beijão na boca de língua.
Porque eu não conheço nenhum gay que da beijinho. Se é pra ser beijo ... é beijão.