quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Consolo

Então é assim.
O assunto desse post eu havia deixado pendente a umas semanas atrás:

Consolo. Assunto difíííííííííííííííííííííícil!!!!

Eu tenho! Você não tem???

Não estou falando daquele consolo de viúva, como se pode denominar qualquer tipo de vibrador ou pênis artificial encontrado em uma bodega de artefatos sexuais por preços módicos. Destes, eu até tenho um, ganhei de presente de um amante com imaginação fantasiosa; achei bacana o presente. Mas homem pra dar presente é sempre assim: ou erra no tamanho, ou erra na cor. Neste caso o tamanho até que é bonzinho, mas a cor... aquela coisa é amarelo... gente, amarelo... aquilo antes de tudo me dá muita vontade de rir. Tá guardado no fundo de uma gaveta.
Confesso, às vezes fico tentada; mas é só abrir a gaveta e dar de cara com aquela COISA amarela, pra eu amarelar, acabou, passou.

O consolo a que eu me refiro é o do significado encontrado em qualquer dicionário: aquilo ou aquele que conforta.

E a única coisa que consola, acalma e conforta é o AMOR, um verdadeiro amor e ponto, nada mais interessa.

Ninguém vive sem esse negócio de amor.

Honestamente, sem sexo até pode ser, sobrevivemos; porém, sem amor apodrecemos, murchamos, morremos.

Portanto, consolo (de viúva) destes a pilha não basta à mulher alguma, não pelo menos com esse nome: CONSOLO.

Eu heim!

Ai é que eu entro com a pergunta: O que eu entendo desse negócio de ser amada pra contar pra vocês???

Nada??? Uai, então tô murcha??? Morta??? Uauuuu...

Bobagem, tô nada!

Acreditem, existem alternativas, sempre há um plano B.

Sorte daquelas que encontraram seu consolo em seus parceiros, maridos, amantes, namorados; mas essas relações muitas vezes não passam de disputa de egos intermináveis, e, algumas como eu, não encontraram aí o que confortaria seus corações.

No caso, tive que decidir bem cedo na vida se eu estava procurando um verdadeiro amor, ou apenas um homem. Porque gente, dificilmente as duas coisas vem embrulhadas no mesmo pacote.

No meu plano B eu só separei os itens, fica bem mais fácil de carregar.

E todos já ouviram dizer: Amor é Amor! Sexo é Sexo!

Consolo é meu plano B, é um homem que está sempre presente, ....não me come...., mas tem um lindo e verdadeiro amor por mim. Amor que me oferece em doses diárias e homeopáticas, e me rega com conta gotas, pingando constantemente pra que eu continue a florescer.

Mais ou menos assim....

Sr. Consolo quando viaja, liga pra se despedir, marca data pra voltar, deixa o nome do hotel caso eu precise falar com ele. Consolo acha que se ele se afasta eu posso morrer a míngua, e posso mesmo.

Quando volta, Consolo traz tipo aquele pratinho do Corcovado com a foto dele de presente (“estive aqui e lembrei de você”... claro que lembrou, cafona, mas lembrou mesmo).

Quando vai a Europa não me traz um perfume caro (não costuma trazer presentes pra ninguém, ficaria estranho comprar algo especial apenas pra mim) traz tipo um modesto imã de geladeira ou um botom, porque acha que assim meu presente não será notado pelos demais. Minha geladeira ta coberta de imãs do mundo todo.

Sr. Consolo nunca se esquece do meu aniversário. Não manda flores, mas não falta. O primeiro telefonema do dia é dele, avisando que a noite dá uma passadinha com uma garrafa de whisky, veja bem, nada de garrafa de vinho que poderia soar meio comprometedor.

Consolo tem uma namorada, mas tem um espaço reservado especialmente pra mim, tipo cada uma no seu quadrado. Mas sua auto estima é mais elevada quando está comigo, porque são nos meus olhos que ele se torna o homem mais atraente do mundo.

Consolo só se afasta quando está aborrecido, mas isso é apenas um pedido de socorro, é um sinal de que ele está precisando de atenção e que é bom eu ligar, porque com certeza ele tem problemas e não sabe pedir ajuda, se eu não ligar ele pode morrer.

Eu também às vezes me afasto, aí Consolo se desespera, manda sinal de fumaça, torpedo, e-mail, MSN, twitter, correio... porque aí ele pensa que eu morri.

É uma comunicação meio cifrada, na base de sinais, mas tudo é completamente percebido, entendido e registrado. É sintonia, é cumplicidade.

Sr. Consolo sabe tudo sobre mim, até as coisas que eu escondo, e que ele faz questão de falar na cara e fazer uma piada.

Sr. Consolo faz qualquer coisa por mim...

Mas não é pau pra toda obra.

Sexo, nem pensar.

Mas nem pensar mesmo, com o dele, ele não entra, mas nem pela hora da minha morte.
Olha que eu fiz de um tudo pra dar pra ele, mas ele não come! Depois de um tempo parei de tentar compreender porque ele economizava “o dele” comigo e aceitei o amor que ele podia me dar e hoje eu não troco isso por nada deste mundo.

Até existe um certo fetiche... um desejo meio que mudo calado engolido e nunca proferido, e sem chances de se realizar. Às vezes uma mão boba, um comentário com duplo sentido transparece nossas libidos, discretamente.

Não, não é gay...

É chato, mas não é gay.

Apesar de que, assim... pra dizer bem a verdade se ele fosse uma mulher, eu sou a mulher que ele gostaria ser. Se bem que, se eu fosse um homem... ele seria o homem que eu gostaria de ser.
É um caso de amor imaculado na sua única e possível garantia de sobreviver.

Mas haja pilha... porque uma relação assim dá muito trabalho pra manter. Com sexo a gente ainda dá uma enroladinha no cara, vai levando em banho-maria, mas assim, os dois de cara limpa, precisa haver muita afinidade pra coisa evoluir.

Mas a relação é perfeita, como de um casal super entrosado, sem os inconvenientes contratuais das relações padrão, que as mulheres abominam (lavar, passar, cozinhar, pêlos no banheiro, ronco na orelha, etc.)

Amor raro.

Amor limpinho.

Você não acha suficiente??? Preconceito bobo ... só porque não tem sexo??

Tudo bem, ai é só comprar pilha (no caso pro vibrador).

Inclusive se eu precisar, até a pilha ele compra.

Mas “O” dele... nem morta, santa.

Haja pilha!!!

Um comentário:

Diego disse...

Apesar da boca suja (que eu amo), achei esse um de seus melhores textos!
1bjo